Trabalhadores do mundo uni-vos!!

     

      Quando criança ouvia algo curioso de meu Velho toda noite de domingo, era a seguinte frase “vou dormir que amanhã é dia de preto!!” Hoje quase nunca me lembro deste dito que era meio que religioso sair da boca de meu pai todo domingo e que provavelmente até os dias de hoje ainda seja algo possível de ser ouvido.

      A quase certeza de que meu pai ainda pronuncia estas palavras vem do fato de saber que ele, por mais que não tenha a saúde de ferro, algo que sempre foi sua marca mais forte, ainda se encontra inserido no mercado de trabalho formal, com registro em carteira  (algo ainda difícil de ser prezado) e satisfeito até um determinado ponto. Atualmente, suas noites de trabalho são insones, e o mesmo as leva manobrando carretas num pátio de forma que estejam prontas para partir no outro dia. Enquanto estes enormes caminhões transitam para seus destinos, meu Velho tenta chegar em casa para alternar sua rotina do dia entre o sono e a tentativa de descansar o mínimo que o possibilite estar apto para mais uma madrugada de trabalho árduo.

Não muito diferente do relato acima é a vida dos que desembocam nos trens da Central toda madrugada e em vários momentos do dia para se encarregarem de gerar o aumento do PIB sem nem saber o que é isso ao certo. Trabalham para viver e vivem para se dedicar cada vez mais aos seus ofícios, sem ao menos mensurar os resultados e resultantes societários de suas agruras em suas vidas que se acabam onde se incia o vínculo empregatício do jovem que contribui feliz para a ínfima aposentadoria dos que por não perderem a vida agora a levam sem poder aproveitar. Afinal, como dizia o escritor francês Pierre Hamp “O ofício, o velho ofício. É a maldição da sociedade, mas ao mesmo tempo é a salvação social.”