Diário de Hospital – 16 de Fevereiro de 2014 (Vigésimo Segundo dia de Internação).

      O Domingo foi de uma monotonia só e até triste eu diria. “D” recebeu sua alta que inclusive era para ter sido ontem. Eu não chorava desde minha segunda semana aqui e o mais estranho foi ter derramado lágrimas por saber que irei sentir a falta de uma pessoa que nem conhecia há semana semanas atrás.

      Fiquei com a sensação de estar sozinho pela primeira vez no quarto desde que cheguei e a sensação foi de abandono. Nem visitas havia tive neste dia e o único consolo foi proveniente dos profissionais que entenderam o porque de minha tristeza e penso que é incrível como a presença de Deus se torna mais constante em nossas vidas nesses momentos de solitude. O leito do Sr. “J” é bastante distante e mesmo se fosse perto ele passa a maior parte do tempo dormindo e até meio desorientado eu diria. Permaneci com a sensação de estar sozinho apenas até o início da noite, momento este em que chegou um senhor de nome “Z”. O mesmo tem 63 anos com um aspecto de quarentão e muita eloquência em sua fala. Além de professor de história é funcionário público municipal. Sofreu um acidente hoje mesmo e acabou por perder parte da falange do indicador da mão esquerda ao ter a porta do automóvel prensada entre o mesmo e um obstáculo na calçada. 

      Existe por aqui a presença constante de policiais que ficam responsáveis pelos custodiados em uma das enfermarias. Achei muito engraçado o fato de dois policiais militares que estavam de serviço hoje terem entrado em nossa enfermaria para dar uma “escamada” e os mesmos foram chamados a atenção pela enfermeira “R” que perguntou aos mesmos se “Ali também haviam custodiados”…os dois não gostaram nem um pouco!!